domingo, 17 de agosto de 2008

Quem conta um conto I

Tarde de inverno, o sol de plástico é coado pelos galhos secos das árvores do parque. Sob as manchas de luz daquela frio final de dia, L. toma devagar um suco de açaí, observando o movimento fatigante das pessoas. Uma senhora em trajes esportivos de cores gritantes passeia com seu pequeno pequenez, que está quase vestido igual a sua dona. Um vendedor de amendoim conta suas moedas e se aquece junto à lata de óleio onde uma candeia artesanal aquece sua mercadoria. L. levanta-se, ajeita sua roupa, batendo nas pernas para tirar as folhinhas que ficaram presas nas tramas de seu jeans surrado, coça a cabeça negligente e recomeça sua caminhada.

Olha pro céu e pensa: hoje não vai ser fácil. Para ela era como se as cores não se acertassem, como se o dia tivesse alterado o sentido de começar e terminar.
Na sua cabeça perguntas vãs, no seu passo a incerteza.

Sentou na calçada vendo as saias passarem. As saias não interessavam, mas a brisa que as levantava.

O vento manso era tão lento que as folhas mal caiam. Rodopiavam e até demoravam para chegar ao chão. O dia estava começando lento, muito lento para ela. Mesmo assim havia um certo incômodo naquele tudo lento. E ela só pensava em como acelerar as coisas, sair daquela inércia e correr, correr, correr... Sem rumo, sem destino, sem nada nas mãos. Um corpo solto naquele vento lento, daquela manhã de plástico. Onde ela iria parar?

Não importava o lugar. Não importava a situação. Naquele momento, sentia a necessidade de voar com a brisa, rodopiar com o vento. Sentir em si a liberdade que o ar aparenta ter. Sentir a mesma emoção da leve folha carregada pela ventania, sem querer, sem poder, sem saber. Deixar levar. Voar para não mais pensar.

Quem conta um conto é uma criação coletiva que surgiu na comunidade do Orkut do MLM. Quem quiser fazer mais continhos, é só entrar lá e se divertir.

Primeiro conto realizado por Peterso Rissatti (SP), Fabrício Belmiro (BH), Marcos Pontes (BA), Júlio Carvalho (SP) e Claudia Finamore (SP).

4 comentários:

Sady Folch disse...

Vocês fizeram este conto a cinco mãos ?
Também quero entrar nessa...
O conto ficou ótimo.
Abraços
Sady

Claudia disse...

Que legal, Petê. Adorei ver o conto aqui. Vamos escrever outros.Adorei participar.
Beijos, Clau*

Anônimo disse...

Tem adjetivos em excesso. Menos adjetivos, por favor. Há certas sutilezas que nao cabem nos adjetivos.

Anônimo disse...

Medo, muito medo do "pequeno pequenez".Quem seria a minúscula criatura?
Olivia