Aluno de um Curso de Formação de Escritores entra na Bienal do Livro em São Paulo. A câmera faz a sua tomada de frente num plano americano, e em seguida vai fechando até alcançar o close, quando registra a sua primeira e única fala. O aluno neste momento olha para todos os lados com um largo sorriso e diz :
- LIVROS !
- LIVROS !
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Ele começa suas andanças em meio àqueles infindáveis volumes expostos em diversas prateleiras, gôndolas, dos mais diversos estandes.
A câmera acompanha as suas pesquisas. Em seguida, suas escolhas. Sempre um livro diferente à mão, com os olhos concentrados naquelas páginas, interrompido apenas por momentos de reflexão. Sua expressão é de completo envolvimento.
O aluno algumas vezes ainda olha para os lados como se estivesse encantado com a enorme quantidade de livros. Volta para a leitura sempre acompanhado de um sorriso que demonstre a sua satisfação.
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Nesse momento, algumas imagens surgem na tela para demonstrar seus pensamentos em meio às reflexões (as imagens aqui são sobrepostas rapidamente, com matizes diferentes de filtros coloridos, para dar impressão de uma profusão de idéias que nascem como uma avalache em sua mente). Ele pensa estar escrevendo algumas adaptações. Lê muito. Escreve e corrige. Lê mais ainda. Em outra locação ele está discutindo o texto com o diretor. E a imagem final que caracteriza seus pensamentos, o traz de volta a sua biblioteca, em consulta a um dicionário enquanto escreve, e cercado por uma diversidade imensa de livros, espalhados por todos os lugares.
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Neste instante, o áudio que já vinha sendo executado quase de maneira imperceptível desde a sua entrada na Bienal, aumenta de volume de forma contínua, e percebe-se que se está repetindo a palavra LIVROS nos mais diversos idiomas possíveis, dando inclusive certa sonoridade musical conforme a disposição das palavras para esse fim, e, misturando-se ao ritmo da escrita que o aluno empreende junto ao teclado, chega ao ápice do volume, fechando tais repetições com o soar de um Timbale inesperado que fecha a cena de seus pensamentos.
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A imagem na tela volta para ele, agora sentado e fechando um último livro. Levanta-se, e caminhando já para a saída ele se detém por um segundo, olha para trás, vê toda aquela quantidade de livros e com um olhar de satisfação, diz:
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- LÍ-VOS !
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Ele se volta para a saída e sai de cena. A câmera então apenas com a imagem do exterior, sem mais o personagem, faz um giro de 180 graus, e reinicia uma caminhada pelos corredores do local, e ao passar novamente pelos estandes, mostra os livros que o aluno leu sendo folheados freneticamente, como se um vento forte estivesse passando por ali. E isso chama a atenção das pessoas que estão visitando o local, que olham para esses livros e para os lados sem nada entender, pois, não ventava naquele instante.
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SADY FOLCH
1 comentários:
Gostei muito do roteiro. Eu adoraria ver esse filme. As frases do aluno são espetaculares.
Abraço,
Pablo
http://cadeorevisor.wordpress.com
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