quarta-feira, 13 de agosto de 2008

A arte da guerra ou A arte da conquista

Não sei mais o que fazer. Antes ela descia desarmada, agora se serve da tecnologia para me enfrentar.

Tento conquistá-la há tempos, me insinuo com a capa, solto fumaça mais alto, sorrio quando o livro é prazeiroso, comento com meus botões (em voz relativamente alta) "isso mesmo" ou "não pode ser". E nem assim, ela é de pedra parece, não se rende.

E agora desce com o celular. No mesmo horário, como um compromisso marcado. Eu, com minhas leituras. Ela, com suas falas curtas, como se quisesse se defender da minha fome voraz pelas letras. Sempre que saio do prédio para o cigarrinho do meio-dia ela também desce, a moça loira de cabelos curtinhos. Talvez ela tenha se sentido sozinha quando me via entretido com os livros e resolver descer também acompanhada. Por que não com um livro também, poderíamos fazer uma dupla incrível de fumantes leitores nessa rua que é deveras movimentada. Porém, ela se rendeu aos impulsos magnéticos do celular e sempre, entre uma baforada e outra, fala com alguém ao telefone.

Acho que preciso investir com mais força. Talvez me aproximar, fazer alguma micagem para ela se interessar pelos livros. Como é difícil, essa moça...

1 comentários:

Nanete Neves disse...

É isso aí, Petê....seduzir leva tempo. Mesmo que ela prefira falar a ler, um dia ela dará uma pausa. Aproveite para comentar algo do que estiver lendo, mostrando o quanto aquilo está te fazendo bem. Quem sabe assim a moça de cabelos curtinhos descubra que pode encontrar num livro diversão melhor que um papinho bobo de celular.