Sem consciência do ato rebelde, todos nós um dia já nos vimos às voltas com situações "Livro na Mão". No meu caso era livro na bolsa e ainda é, mas o quadro já está mudando. Cheguei à loucura (que não consigo mais deixar) de levar 3 ou 4 livros na algibeira, pois fico pensando "mas se eu tiver vontade de ler esse e não aquele, e ele não estiver comigo? E se me der vontade de ler poesia, onde vou achar? E se um pouquinho de teoria me fizer bem e eu não estiver com um livro teórico à mão? Então já levo alguns, uma micro-biblioteca ambulante. Por exemplo, estava com o Oficina do Escritor, do Prof. Nelson Oliveira, mais o Descabelados (poesia), mais o The Art of the Novel, do Milan Kundera (estou apaixonado de novo por Kundera), mais um pequeno livro de contos três autores europeus, Imre Kertész, Péter Esterházy e Ingo Schulze. Pesa, mas vale a pena.
O problema é quando preciso achar algo na bolsa. E imbuído do espírito Livro na Mão, fui comprar cigarros. E não encontrava a carteira. No boteco pela manhã, pessoas com seus pingados na mão, o pão na chapa estrilando sua manteiguinha que se desbranco-amarelecia deixando o pão corado, os salgados que saltavam da estufa, como para-quedistas em fila no avião, só que numa queda para a mão do freguês, os que estavam terminando a noite de bebedeira ou começando o dia com cachaça. Do nada, para achar a bendita carteira, começo a tirar livros. E um. E dois. E três. E agenda. E quatro. As pessoas me olhavam e, em vez de ficar envergonhado, espalhei mais ainda os livros pelo balcão, xingando (com um sorrisinho no rosto) a minha bagunçada bolsa. Percebi umas trocas de olhares entre um engravatado e uma mocinha de mochila nas costas e fone de ouvido. Quando olho de esguelha, percebo-os virando a cabeça para ler os títulos, interessados. Não tive coragem de comentar, nem tempo, pois achei a carteira (que no fim das contas estava em outro bolso da bolsa) e tinha que correr para a empresa.
Espero que eles tenham procurado saber um pouco mais daquela minha bagunça literária...
O problema é quando preciso achar algo na bolsa. E imbuído do espírito Livro na Mão, fui comprar cigarros. E não encontrava a carteira. No boteco pela manhã, pessoas com seus pingados na mão, o pão na chapa estrilando sua manteiguinha que se desbranco-amarelecia deixando o pão corado, os salgados que saltavam da estufa, como para-quedistas em fila no avião, só que numa queda para a mão do freguês, os que estavam terminando a noite de bebedeira ou começando o dia com cachaça. Do nada, para achar a bendita carteira, começo a tirar livros. E um. E dois. E três. E agenda. E quatro. As pessoas me olhavam e, em vez de ficar envergonhado, espalhei mais ainda os livros pelo balcão, xingando (com um sorrisinho no rosto) a minha bagunçada bolsa. Percebi umas trocas de olhares entre um engravatado e uma mocinha de mochila nas costas e fone de ouvido. Quando olho de esguelha, percebo-os virando a cabeça para ler os títulos, interessados. Não tive coragem de comentar, nem tempo, pois achei a carteira (que no fim das contas estava em outro bolso da bolsa) e tinha que correr para a empresa.
Espero que eles tenham procurado saber um pouco mais daquela minha bagunça literária...
2 comentários:
Pete, fico imaginando se não passaram na livraria na hora do almoço, devem ter trocado telefonemas para perguntarem entre si...
- "Você lembra qual era mesmo o nome daquele livro que vimos com aquele rapaz hoje de manhã?"
E o outro responde...
- "Qual deles, pois o rapaz tirou uns quatro da bolsa...achei que fosse sair até um coelho..."
Abraços literários
Sady
Oi Julio, também quero aderir ao movimento!!!!
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