Enquanto aguardava ser atendida no salão de beleza, lia Ensaio sobre a cegueira, de José Saramago. Havia um assento vazio entre uma mulher que folheava uma revista e Saramago em minhas mãos. Uma idéia nova solicitou ser escrita em meu bloco de anotações, o que provocou uma breve separação entre a cegueira e meus olhos. Uma cidade inteira cega, com exceção de uma mulher, ao lado da outra que olhava a revista, e de soslaio o livro.
Enquanto eu escrevia, a mulher – a da revista – tocou o livro e olhou-me. Sorri e coloquei a capa para cima. Continuei a escrever, e ela abriu a capa delicadamente, como se fosse para eu não ver. O livro a cegou, pois como eu não veria aquela atitude. Disse-lhe que poderia pegá-lo e ela sorriu satisfeita. Acariciou a capa, folheou-o levemente e devolveu-me. Disse-me que iria comprar um exemplar para ler antes de assistir ao filme.
sexta-feira, 12 de setembro de 2008
A cegueira e o olhar
Postado por Claudia às 10:11
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4 comentários:
so assistofilmedepoisdeler o livro, maldito toc
Claúdinha, vc como sempre elevada por atitudes gentis e amigas, sem perder o sorriso de criança.
Um beijo com carinho
Sady
Aí menina Finamore...sempre ligada nas sutilezas, e na tristeza de alguns olhares cegos.
Os livros sempre proporcionam esses doces momentos. Mais uma linda história.
Abraço,
Pablo
http://cadeorevisor.wordpress.com
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